Este é um terreno muitas vezes percorrido com muito medo, muita preocupação, e muito pouco à vontade pelos pastores e líderes de louvor na igreja. Este desconforto se reflete por ignorância das escrituras sagradas, ainda mais com o pano de fundo histórico errôneo em se dividir a vida entre coisas sacras e profanas, ou o que é da igreja e do mundo (secular).
Por outro lado, ao mesmo tempo reconheço uma boa preocupação e zelo com a santidade e o uso da liberdade cristã com sabedoria e equilíbrio. De qualquer forma, o diabo tem distorcido e procurado confundir os cristãos, tentando dizer que a arte e a música lhe pertencem. Mas nunca o Senhor deu os direitos autorais, o copyright, ao inimigo de nossas almas. Aleluia por isso!
Na realidade, quando pensamos na música como instrumento e meio de evangelização, temos de transferir o foco mais para as pessoas de fora, não-cristãs, que ainda não conhecem a salvação. Como músico e compositor, através dos olhos da evangelização, não estou preocupado se as pessoas da igreja vão gostar, mas se o incrédulo vai gostar e considerar a mensagem que tenho a transmitir.
A música é definida pelos diversos livros de teoria musical com a arte de combinar os sons. Ela é entendida de maneira geral como uma linguagem universal, um meio de comunicação entre pessoas e povos, uma forma de expressão da sensibilidade humana, uma forma de diálogo que aproxima as pessoas.
A música procura levar uma mensagem que é absorvida pelo ser humano através das emoções (elas sensibilizam os homens para receber mensagens) e do intelecto (absorve a mensagem objetiva, a mensagem escrita).
A mensagem subjetiva é aquela que vem através da melodia, harmonia e ritmo, onde podemos absorver o que o compositor quer transmitir: paz, desespero, alegria, paixão.
A mensagem objetiva é aquela contida de maneira explícita nas letras; está relacionada com a visão do autor sobre o mundo, Deus, homem, sociedade, baseada em sua realidade e experiência cultural, existencial, social, política e espiritual.
A música é portanto, um poderoso meio de evangelização, torna o homem sensível para considerar a mensagem do evangelho. Temos que levar esta mensagem considerando dois aspectos: o conteúdo da mensagem (sermos fiéis e íntegros) e o nosso ouvinte, o receptor da mensagem.
É um grande desafio para os artistas e músicos e para a igreja como um todo, aprender a linguagem que o povo entende e absorve. John Stott diz que devemos ser “fazedores de pontes”, temos a mensagem e o mundo contemporâneo, que anseia e precisa ouvir o que temos a dizer de Jesus Cristo.
Música e Cultura:
O plano de Deus tornar o evangelho conhecido em toda a raça, tribo, povo e nação e que a cultura possa ser respeitada e influenciada. A música faz parte deste universo.
Podemos condensar desta forma o significado da cultura: é um sistema integrado de crenças (sobre Deus, significado da vida, homem), de valores (sobre o que é bom, bonito e normativo), de costumes (como nos comportamos, vestimos, comemos, fazemos comércio, etc) e de instituições que expressam estas crenças, valores e costumes (governo, tribunais, templos, família, sindicatos, etc).
O resultado disto tudo é o que chamamos de identidade cultural! Ë aquilo que toca mais profundamente, que é mais familiar. Isto é o que o experiente homem de missões, Don Richardson, descreve em sua reflexão missiológica: o fator melquisedeque em cada cultura. Isto reflete e toca o coração do homem em seu contexto.
Que o homem do campo, rural, vibre ao som de uma viola ou sanfona, base e pano de fundo para a poesia e mensagem cristã que desejo comunicar. Que o jovem da metrópole se disponha a ouvir a mensagem, quando escuta a sua familiarizada guitarra num ritmo e som a que está acostumado. Que a pessoa que mora no morro, ao ouvir seu tamborim, cuíca e cavaquinho, ouça e considere o que tenho para dizer como cristão e que tem um evangelho a compartilhar.
Eugene A. Nida diz que o evangelho tem três aspectos fundamentais para todos que ouvem:
1. É uma mensagem que satisfaz ao ser humano em todas as áreas de sua vida (moral, sentimental, psicológica, social, material). Nenhuma fase da vida está excluída do senhorio de Jesus Cristo.
2. O evangelho precisa ser compreendido por todas as pessoas em termos conhecidos dentro da sua maneira de pensar e viver.
3. O Espírito Santo é quem deve expressar para os convertidos a maneira de se viver a vida cristã.
Lutero usou a música popular de sua época para comunicar o evangelho. Davi considerou a realidade hebraica no ministério musical e da adoração. Paulo foi ensinado a despir-se de seus privilégios culturais (Fil 3.4-9); adaptou-se às outras culturas, tornando-se “tudo para com todos, a fim de, por todas as formas alcançar alguns (1 Co 9.19-23).
Quando estamos envolvidos com a evangelização urbana, na escola, no rádio, na TV, na internet, teatros, e com a obra de missões em geral, é importante termos sensibilidade em contato com outras culturas. Antes de impormos uma hinódia ou cancioneiro, mesmo na adoração, devemos conhecer as culturas e sub-culturas dos povos, contextos e cidades onde desejamos trabalhar.
Mário de Andrade diz que nossa música é forte, rítmica, melodiosa, que fala ao sentimento do homem brasileiro. Por que não usarmos o samba, o maxixe, o acalanto, o baião, a toada, a marcha-rancho, a modinha, o sertanejo e outros estilos? É um grande desafio para coros, conjuntos, igrejas e missões, no sentido de preencher estas lacunas existentes na evangelização e na adoração mais contextualizada, estética e sonoramente mais bela.
Resgatemos para nós o que é de direito usar: a arte, a cultura, a música em todas as formas de expressão, para falarmos e cantarmos do evangelho de Cristo, e levar pessoas a confessar que Ele é o Salvador e Senhor!
Postado por MC3 NA PAUTA.
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